18 de abril de 2010

A Profa. Celma Borges encaminhou o texto abaixo:

Uma vez aberto o debate, sinto-me livre para opinar e, aqui vão alguns registros do que andei pensando e questionando. Eles não são novos, não são velhos, são contínuos, e passíveis de transformação.

Em primeiro lugar, penso que é preciso se ter uma nova concepção de universidade; recriar o ambiente universitário, o espaço de convivência para o conhecimento, de discussão das idéias; e, pensar na criação de uma nova perspectiva para a universidade, para deixar, para o passado, este sentimento de tristeza e desânimo que envolve muitos professores e alunos, que, por vezes, não querem mais estar lá, ou, lá estão por obrigação ou necessidade. 
Em segundo lugar, pensei em algumas questões que não se resolvem, ou que entravam nosso cotidiano e, deixam professores e alunos ainda mais longe da universidade.  Fiz, então, uma lista de alguns pontos que considero importante e, que submeto à consideração de todos para continuidade dos debates. São  eles resultados de reflexões individuais ou coletivas, vivências e experiências que fiz ou tive.

1. Universidade e sociedade.

  • Refiro-me aqui à participação da universidade nas questões da sociedade, e ao atendimento das demandas da sociedade pela universidade. Seria possível uma universidade socialmente relevante, considerando-se as atividades de ensino, pesquisa e extensão que desenvolve, a partir de programas pré-estabelecidos, financiamentos de pesquisa e extensão também submetidos às imposições dos editais governamentais e de outros agentes financeiros (na maior parte das vezes programáticos e, dirigidos aos interesses de desenvolvimento pré-estabelecidos? Vejam, por exemplo, os editais do CNPq e da FAPESB e de outras agências)... Há possibilidades de, internamente, a UFBA sugerir, orientar, fomentar e buscar recursos para que realmente seus pesquisadores realizem o que desejam fazer?
2. Ensino Pesquisa e Extensão

  • Refiro-me aqui também à integração entre pesquisa, ensino e extensão. A universidade do Conhecimento, das livres discussões de idéias, Democrática, Participativa, Solidária e Viva tem condições de renascer?

  • Há possibilidade do estímulo dos docentes à pesquisa em todas as áreas do conhecimento? E de renovando-se o conhecimento chegar à renovação do ensino, com a abordagem de temas contemporâneos, instigadores da comunidade universitária e da sociedade para este amplo debate sobre as realidades baiana e brasileira?

  • O ensino não deveria ser renovado? Uma grande discussão de currículos e programas, integração e atualização de conteúdos? Será que nossos alunos estão recebendo o conhecimento adequado para a vivência e o trabalho na realidade atual?

  • A extensão está cumprindo seu papel e está aberta para as demandas da sociedade?

  • O hospital das Clinicas não poderia assumir mais enfaticamente o seu papel de prestador de serviços à sociedade?

  • A FACED, não poderia ter de volta a seu Colégio de Aplicação, abrindo campo de estágio para os alunos e prestando serviço à sociedade?

  • O campus da UFBA e suas diversas unidades, em suas atividades de educação física, de dança, música, artes plásticas, línguas não poderiam ampliar ainda mais as atividades de ensino gratuito, e fomentar a cultura, lazer e esportes para a sociedade e a ela se integrando ainda mais? Convênios podem ser firmados, por exemplo, com os Governos Estadual e municipal, para frequência dos alunos da rede pública a estes cursos e da comunidade criando assim uma alternativa de atividades crianças e jovens. Estas atividades poderiam também fazer parte de algum programa para os próprios alunos da UFBA, como atividade extra curricular, estágio institucional curricular, ou algo similar.

  • Ou as atividades de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição enfermagem, medicina, farmácia, biologia, geociência não poderiam contribuir ainda mais para a melhoria da qualidade de vida dos baianos, principalmente das populações mais carentes, enfocando as questões de saúde e meio ambiente, inclusive prestando serviços a um maior número de pessoas?
3. A questão dos docentes.

  • A produção docente tem que ser quantitativamente medida ou qualitativamente avaliada? Verificar como abordar o estímulo à produção, sem fomentar os desvios da qualidade. Discutir profundamente critérios não seria interessante?

  • A questão do trabalho docente no novo regimento da UFBa, pelo aumento da carga horária: veja o blog: http://limi-lip.blogspot.com/2010/04/atividade-de-pesquisa-na-universidade.html que se tornou neste final de semana centro das listas de discussão da UFBA. Neste ponto, quero reforçar a idéia da relação entre ensino, pesquisa e extensão (que é trabalho universitário), e que, portanto, não temos que ficar somente na sala de aula, até porque, se assim for, a qualidade das aulas declinará necessariamente, porque não haverá nem produção, nem renovação do conhecimento; mais ainda, quero lembrar que orientamos monografias, dissertações, teses e atividades práticas; participamos de bancas de concursos públicos, de defesa de monografias, teses e dissertações; que damos palestras, produzimos textos, participamos de eventos, reuniões, emitimos pareceres científicos, técnicos e administrativos, etc. - e que tudo isso também é trabalho, só que não computado na carga horária dos professores. È possível reabrir esta discussão?

  • A questão das concessões de Dedicação Exclusiva, limitadas muitas vezes a questões políticas internas dos departamentos e unidades. Não haveria um outro mecanismo para concessão das D.Es.? Aliás, não se deveria estimular a Dedicação Exclusiva? Abrir novos concursos públicos?

  • O estímulo à qualificação de professores. Não seria interessante trazer professores de fora da Bahia e mesmo do exterior para fomentar esta capacitação em alto nível, firmando convênios bilaterais e multilaterais com outras universidades para vinda mais agressiva de professores visitantes, e realização de pesquisas conjuntas? E em alguns casos fomentar estudos estágios e cursos de pós-graduação em outras universidades?

  • A questão das disparidades salariais entre a UFBA e outras universidades do país. Ex. Rio de Janeiro e Ceará, para não citar outras. Qual o papel do novo reitorado na isonomia salarial entre universidades, no recebimento de questões ganhas na justiça e não recebidas como URV, 28%, etc. uma vez que a associação dos professores está imobilizada neste sentido?

  • Podem ser criadas melhores condições de infra-estrutura para o trabalho docente? Ver o caso do incêndio do Instituto de Química, que continua com suas cinzas. Ver também o caso das instalações físicas de algumas unidades: renovação de espaços, móveis e equipamentos; prédios e salas sem climatização e acessibilidade (colocação de rampas e elevadores); modernização de processos de trabalho; informatização de alguns setores técnicos e administrativos. Pensar nas salas de aula nas salas de trabalho dos professores, dos estagiários e bolsistas sem conforto para alunos e professores; nos laboratórios com poucos e, em alguns casos, obsoletos equipamentos (a não ser quando os projetos propiciam a reestruturação do ambiente), e nas bibliotecas com poucos títulos de livros, além de desatualizados, em sua maior parte para consulta e não para empréstimos, poucos periódicos nacionais e, raríssimos internacionais na maior parte das unidades. As bibliotecas precisam ser informatizadas, as revistas da UFBA todas já deveriam estar informatizadas.

  • A Edufba cumpre em parte seu papel, mas, precisaria ser mais pró-ativa na edição e comercialização de sua produção, estimulando, sob critérios e, com financiamentos internos, mais a produção dos docentes da UFBA.

  • A questão da limpeza do campus e das unidades, e de sua segurança. (isto já bem assinalado, mas ainda não realizado). A filmagem do campus, não aumentou sua segurança. As firmas de limpeza não atuam como deveriam.

São estas questões e, muitas outras, que gostaria de ver debatidas, e nos debates perceber o posicionamento dos candidatos ao novo reitorado.

PROF. DRA. CELMA BORGES
FACED/UFBA

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